
Ou sou uma estranha incompreendida
Que com o semblante de dúvida
Olha o espelho
E vê o vazio,
A incerteza,
A insegurança do não ser
Ou não saber.
Temo as minhas incapacidades
Não sei até onde minha mão pode ir,
Até onde minha mente pode vagar.
Não quero que ninguém me humilhe,
Mas não posso deixar o orgulho me sufocar
E guiar-me para o abismo do egoísmo
Deixando eu me atirar num penhasco sem fim...
Sem começo...
E sem razão.
O rosto da estranha me sorri,
Olha-me desafiadora.
Mas na verdade carrega no coração um vazio
Uma fome insaciável
De não se sabe o que.
Uma fome que corrói por dentro e por fora
Destruindo pouco a pouco.
Sou sem saber por que sou
Ou o que sou,
Mas sei como eu sou e como sei ser
E nem por isso me orgulho
As o que somos é o que mais nos pesa
É o que faz com que sintamos um autodesprezo
E deixa o coração dolorido
E a mente cheia dos próprios demônios.
A consciência de que na verdade
Ninguém "é"
Mesmo que todos pensem ser.
Eu não me compreendo
Ouço o rugido do meu coração
Mas não posso mudar as coisas para saitisfazê-lo.
Sinto-me impotente
Por não ser capaz de mover um dedo
Para fazer as coisas melhorarem.
Sou uma covarde
Que tenta ser
Entretanto, não entende nada.
Texto escrito originalmente em 16 de julho de 2004.
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